O fim de temporada acaba sendo um período muitas vezes melancólico para boa parte dos times que compõem o Campeonato Brasileiro. Boa parte deles chega à reta final do torneio sem ter muito o que disputar, cumprindo o restante dos jogos na “tabela” enquanto já pensam no planejamento da temporada seguinte.
É o que ocorre com o Santos no pós-final de Copa Libertadores. Os palpites de futebol disponibilizados pela Betfair já indicam as chances do Santos de conseguir sair do meio da tabela do Brasileirão como pequenas. Além disso, o time era visto como o “azarão” no confronto do dia 7 de fevereiro de 2021 contra o Atlético Goianiense, que passou boa parte da temporada lutando na parte de baixo da tabela da Série A.
Essa acaba sendo uma indicação da falta de perspectivas do Santos após uma temporada que apesar de ter culminado com a chegada do time à final da Libertadores, ainda foi deveras decepcionante para uma parte significante da torcida santista. Um período onde problemas fora de campo acabaram afetando o desempenho do time dentro das quatro linhas, prejudicando assim uma temporada que talvez nem seria “salva” por meio de uma redenção como a reconquista da América do Sul por meio da “Liberta”.
Os feitos do argentino Jorge Sampaoli como comandante do Santos mostraram não só à torcida santista mas aos fãs do futebol brasileiro que não era preciso um super-elenco – como o montado pelo Flamengo – para que um futebol vistoso pudesse ser praticado. Entretanto, não foi possível continuar com Sampaoli no comando do time por conta dos problemas que o técnico teve com o ex-presidente do Santos, José Carlos Peres.
No lugar de Sampaoli, que assumiria o comando do Atlético Mineiro alguns meses depois, os dirigentes do Peixe trouxeram o português Jesualdo Ferreira. O maior trabalho do novo técnico havia sido o tricampeonato da Primeira Liga de Portugal quando liderou o FC Porto entre 2006 e 2010, levantando o troféu nacional em 2007, 2008 e 2009.
Mas desde este grande trabalho, Jesualdo não tinha grandes feitos em sua carreira além de títulos com o Zamalek, no Egito, e com o Al Sadd do Catar. Logo os problemas do técnico foram trazidos à tona pelas performances longe do ideal e resultados adversos já no Campeonato Paulista, com o Santos sendo eliminado pela Ponte Preta nas quartas de final do torneio após uma derrota por 3 a 1. A consequência foi a demissão de Jesualdo sete meses após assumir o cargo, em agosto do ano passado.
Entretanto, nem tudo estava perdido para o Santos. Alguns dias depois da saída de Jesualdo, o comandante Cuca voltaria para a Vila Belmiro pela terceira vez em sua carreira.
A missão de Cuca era simples: “salvar” a temporada através de títulos. Seria um trabalho difícil de ser realizado pelo Campeonato Brasileiro considerando as dificuldades que o calendário apertado apresentava. Mas Cuca, que se tornou um especialista em taças desde a conquista da Copa Libertadores com o Atlético Mineiro em 2013, poderia muito bem tentar repetir tal feito com o Santos neta temporada.
Esse foi claramente o foco do Santos desde a chegada de Cuca, com o time colecionando tropeços na Copa do Brasil – onde foi eliminado já nas oitavas de final pelo Ceará – e no Brasileirão, enquanto avançava na competição continental. O sacrifício valeu a pena ao passo em que o alvinegro conseguiu excelentes resultados na Copa Libertadores, com destaque para a vitória dominante por 3 a 0 sobre o Boca Juniors no jogo de volta da semifinal do torneio.
O problema é que desde a conquista da Libertadores em 2013 por Cuca e seus comandados no Atlético Mineiro em 2013, a final da competição mudou seu formato. Ao invés dos tradicionais dois jogos dentro e fora de casa, agora o destino dos times é decidido em uma final única onde meros detalhes podem definir o campeão de tudo. E foi num detalhe que Breno Lopes, do Palmeiras, marcou o único gol da partida para dar o título continental aos adversários do Santos no Maracanã.
A conjunção da difícil jornada percorrida pelo Santos ao longo da temporada 2020-21, juntos dos problemas da política do clube, claramente afetou a capacidade de Cuca de se manter no comando do clube. Por isso já se espera sua saída no fim da temporada, por conta do exauste mental causado por essa jornada que se tornou muito cansativa para técnico, jogadores, dirigentes e até para a torcida.
Uma saída antecipada de Cuca será uma grande perda não só para o Santos, mas para o futebol brasileiro em si uma vez que o seu estilo tático havia apresentado grandes evoluções na temporada atual. E como a experiência com Jesualdo já mostrou, não basta trazer um nome estrangeiro para dar a continuidade necessária ao trabalho do técnico brasileiro na Vila nesta temporada.