São Paulo, 14 de março de 1943, domingo, nesta data, o empresário e jornalista Cásper Líbero inaugurava a “Rádio Gazeta”.
A emissora, anteriormente, era denominada como Sociedade Rádio Educadora Paulista, fundada em 1923, a primeira estação oficial de São Paulo.
Na aquisição da rádio, além da mudança de nome veio também o slogan: “a emissora de elite”.
Não se tratava de uma questão relacionada ao poder aquisitivo ou econômico do público pretendido, mas sim à programação cultural de elevado nível. Neste caso, para contribuir com o aprimoramento de informações e conhecimentos do ouvinte.
O período era de desafios, pois viva-se a Segunda Guerra Mundial, um conflito global, que durou de 1939 a 1945.
No Brasil, a chamada “Era Vargas”, também compreendida como “Estado Novo”, seguiu-se para a “República Nova”.
Com a renúncia de Vargas e o presidente Eurico Gaspar Dutra ingressando ao poder, em 1946, o país passa a ter uma nova Constituição.
Mesmo frente à mencionada ebulição na sociedade a “Rádio Gazeta” segue nos propósitos culturais.
Educação e desenvolvimento eram as principais metas do exigente idealista Cásper Líbero. Na emissora foram contratados renomados locutores da época e uma equipe concorrida de profissionais que atenderiam às expectativas criadas para a elevação da autoestima, formação educativa, cultural e crítica da população. A programação da rádio contava com uma orquestra sinfônica, coral lírico, um conjunto de jazz, pianistas e cantores de nível internacional.
Entre a programação musical constavam os boletins esportivos denominados “A Gazeta Esportiva no Ar”.
Estes não poderiam faltar, diante da tradição esportiva pré-existente do jornal “A Gazeta” e de dos demais eventos promovidos pelas mãos de Cásper Libero, como a “Corrida de São Silvestre” e tantas outras provas importantes de destaque: “Travessia de São Paulo a Nado”; “Prova Ciclística 9 de Julho”; “Jogos Universitários”, entre outros projetos desse segmento em alto nível.
O clima esportivo do período estava registrado na “Rádio Gazeta” também por conta da ansiedade em torno dos preparativos para a realização da “Copa do Mundo” no Brasil, sob uma esperança de conquista brasileira neste mundial, que seria realizado em 1950.
As cores verde e amarela estavam no cenário internacional, e assim permaneceram mesmo depois com a frustração diante da vitória do time uruguaio, que levou a “Taça do Mundo”, deixando o estádio do Maracanã banhado de lágrimas brasileiras naquele 16 de julho de 1950. Outra expectativa no final dos anos quarenta foi gerada pela possibilidade do país receber definitivamente a televisão.
A inauguração do novo veículo de comunicação no Brasil ocorre em 18 de setembro de 1950, sob o comando do empresário das comunicações Assis Chateaubriand.
Cásper Líbero, porém, não desfrutou por muito tempo do empreendimento que realizara com a “Rádio Gazeta”, e nem presenciou todos os fatos acima descritos.
Morre no dia 27 de agosto ano de 1943, cinco meses após a inauguração da rádio, num acidente aéreo no Rio de Janeiro.
Homem visionário, empreendedor e atento às tendências e movimentos políticos e sociais do Brasil e do mundo, Cásper Líbero demonstrava conhecimentos de todos os fatos que iriam delinear aquela década, e outros intentos futuros. Esta constatação pode ser apurada através das ações em vida do próspero empresário, assim como pelo testamento que deixou.
Apesar desta ausência, os empreendimentos por ele idealizados seguem em ações póstumas, como a criação da Faculdade Cásper Líbero, inaugurada em 1947, e a TV Gazeta, em 1970.