Nos anos 50, a “Rádio Gazeta” segue com uma programação realizada em auditório. Os ingressos eram distribuídos gratuitamente na porta da emissora, no centro de São Paulo, atual Avenida Cásper Líbero, antiga rua da Conceição.
O roteiro dos horários dos programas era publicado no jornal “A Gazeta”. Na base da inserção, uma orientação para garantir acesso aos espetáculos da rádio.
A emissora, que na década anterior conquistara audiência e preferência dos admiradores da música clássica, amplia os investimentos em profissionais de renome.
O maestro Souza Lima foi um dos principais regentes a atuar na estação que, além do público, atraia patrocinadores interessados em vincular as respectivas marcas numa programação qualificada.
A rádio Gazeta exibia em auditório a regência de orquestras, com apresentação de árias de óperas, concertos sinfônicos e a interpretação de obras clássicas de autoria de nomes como Mozart, Beethoven, Schubert, Bach, entre outros influentes compositores.
Artistas nacionais e internacionais passavam pela emissora que selecionava rigorosamente as atrações. Um dos celebres exemplos dessa fase está documentado no jornal “A Gazeta”, de 26 de agosto de 1954, sobre a estreia e apresentação do compositor Garoto na estação.
O contexto social e cultural indicava uma efervescência comportamental nos grandes centros urbanos, como São Paulo, cidade sede da “Rádio Gazeta”.
Além da música clássica a “Rádio Gazeta” continuava a registrar os fatos do noticiário através do radiojornal “A Gazeta Informa”, em boletins, e também no “grande jornal falado”.
Os assuntos para a redação da emissora, assim como para o contexto jornalístico geral, eram de absoluta e rápida transformação social.
A época é apelidada de anos dourados, com os já ecléticos gostos sobre ritmos musicais e de outros gêneros artísticos característicos, e consequentes, da diversidade brasileira. Acrescentando também o notável e eletrizante rock´n roll, que surge no final da década de 40 e se torna conhecido para o mundo a partir dos anos 50. Este decênio se encerra no Brasil ao som da “bossa nova”, porém a “Rádio Gazeta” seguia firme com o slogan “emissora de elite”, na formação musical clássica do ouvinte.
A fase pós-guerra, a chegada da televisão ao Brasil, a perda da Copa do Mundo no Maracanã, a vitória da Seleção Brasileira de Futebol, oito anos depois, em 1958, na Suécia, e o suicídio do presidente Getúlio Vargas, em 1954, contribuem com significativas mudanças no país, regido no final da década por Juscelino Kubtischek.
Entre 1956 e 1961, o presidente JK estabelece o projeto de desenvolvimento para o Brasil intitulado Plano Nacional de Desenvolvimento, chamado de Plano de Metas, com o objetivo do ideal de progresso de “cinquenta anos em cinco”, período do mandato de JK, que inauguraria em 1960 a nova Capital do Brasil, Brasília.
A tradicional marca esportiva do jornal “A Gazeta” permanece, como na década anterior, inserida na rádio com o informativo “A Gazeta Esportiva no Ar”. Assim, a emissora parte para os anos sessenta com aspirações de explorar este segmento e de fato torna-se uma das maiores referências na cobertura esportiva do país.
Anúncio da “Rádio Gazeta” publicado no jornal “A Gazeta”, no dia 09 de julho de 1954, na página 35. Nos destaques a seguinte programação: “Grande Audição Lírica”, com árias de óperas, às 20 horas; “Dicionário da Indústria”, às 20h30; “André Kostelanetz e orquestra”, às 21 horas; “A Grande Música do Mundo”, às 21h30. Nesta edição do jornal, páginas dedicada ao aniversário dos vinte e dois anos da Revolução Constitucionalista, ilustrada com dezenas de fotos históricas do referido conflito político.
Anúncio da “Rádio Gazeta” publicado no jornal “A Gazeta”, no dia 26 de agosto de 1954, na página 12. Na inserção uma chamada para o programa noturno “A Grande Música do mundo”, das sextas-feiras, entre 21h30 e 22h20.
Inserção sobre a programação da “Rádio Gazeta”, publicada no jornal “A Gazeta”, no dia 26 de agosto de 1954, quinta-feira, na página 11. Anunciava-se a presença do músico Garoto, no auditório da emissora. O nome completo do artista era Anibal Augusto Sardinha, um dos mais renomados instrumentistas brasileiros. Ele tocava banjo, cavaquinho, bandolim, violão, guitarra etc. Realizou vários arranjos e composições instrumentais. No ano seguinte à visita na “Rádio Gazeta” morre no dia 3 de maio de 1955, aos quarenta anos de idade. Transcrição do texto referido anúncio:
Assinalou-se com grande sucesso a estréia do violonista “Garoto”, na Rádio Gazeta, na “Soirée de Gala Antarctica” de domingo último, quando foi apresentado um programa de violão, piano e orquestra, de obras do compositor Radamés Gnatali. O pianista Fritz Jank foi solista com “Garoto” na segunda parte do programa. “Garoto” executou solos no início da audição e finalmente o Concertino de Radamés Gnatali, com a Sinfônica dirigida por Armando Belardi.